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Além do sertanejo

  • escutaaquiweb
  • 29 de mai. de 2019
  • 5 min de leitura

O estado que é considerado o berço do sertanejo, tem muito mais a oferecer. Do rock ao pop, conheça a variedade eclética de artistas goianos dos mais variados estilos musicais.


Por Claudia de Castro


“Como assim não gosta de sertanejo? Mas você não é de Goiás?”. Se você é goiano provavelmente já recebeu essa reação quando disse à alguém de fora que não gosta de sertanejo. É que, apesar de ser um estado com mais de seis milhões de habitantes, em âmbito nacional o estereótipo da dupla sertaneja persegue os nativos. Mas qual criança, que cresceu em Goiás, nos anos 2000 não cantava “como que ôce pode abandonar eu?” de Pedra Leticia, na escola ou pulava nas festinhas ao som de “Minha juventude” de Mr. Gyn?


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Créditos: Página do Facebook 'Melhores do Twitter'


É inegável a grandiosidade da música sertaneja em Goiás, mas sua música

regional poderá surpreender os ignorantes. No final dos anos 90, Goiânia ficou conhecida como a “cidade do rock independente”, isso devido ao grande número de bandas e festivais desse gênero que agitavam a cidade. Hoje em dia, o cenário já mudou um pouco, as bandas de rock continuam, mas as portas se abriram para um estilo mais alternativo, seja pop, mpb, indie ou eletrônica.


O Rock independente


Vinte e seis anos atrás nascia, em Goiânia, a Casa Bizantina, irradiando o rock independente a banda se mantem no cenário goiano até hoje. Inclusive, lançaram o quinto álbum de estúdio em fevereiro deste ano. Disponível em várias plataformas de streaming, como Spotify e Youtube. A Casa também tocará neste sábado (01/06) no Festival Cidade Rock, que acontece no Martin Cererê, no setor Central. E a melhor parte: entrada franca.


Das mais antigas também temos Violins que surgiu em 2001, o disco de estreia do grupo, Wake Up and Dream, foi eleito pelo Correio Braziliense como um dos melhores do ano. Alguns anos depois, a Rolling Stone colocou o disco Tribunal Surdo dentre os destaques de 2007. Ao todo, a banda lançou sete álbuns, todos disponíveis nas plataformas de streaming. Nessa mesma época também se juntaram os meninos do Ressonância Mórfica, com o heavy metal eles criaram o “Ressofest”, festival de rock que visa dar destaques à artistas pouco conhecidos.



O rock independente goiano também carrega outros grandes nomes, como já citado no inicio da matéria, as bandas Mr. Gyn e Pedra Leticia fez parte da infância de muita gente. Hichard Rodrigues relembra com nostalgia que passava boa parte das aulas da sétima série cantando a música “teorema de Carlão” e durante o recreio, a galera se reunia em volta de alguém com um violão e se divertiam tocando Mr. Gyn. Mas não foi só em Goiás que essas bandas fizeram sucesso entre a garotada não, Ananda Reus conta que lá no interior de São Paulo, ela e seus amigos também eram grandes fãs. Atualmente Pedra Leticia atua como banda fixa no programa de Fábio Porchat, na record.


Por falar em sucesso internacional, com letras em inglês, a banda Melodizzy vem fazendo bastante barulho lá fora, principalmente na Europa. De acordo com as plataformas de streaming, a cidade que mais ouve a Melodizzy é Londres. Logo depois, Swadlincote Rugby, Camden e Nothing Hill Gate. Todas da Grã-Bretanha. Eles foram destaque na revista britânica Fireworks em maio deste ano e também foram eleitos, com o primeiro disco, em primeiro lugar no hacking dos dez melhores álbuns de rock de 2017, segundo o blog mexicano Guitar Bend.


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Créditos: Instagram Oficial da banda Boogarins


Atualmente, um dos maiores nomes do rock psicodélico goiano é a banda Boogarins, formada em 2012, os garotos já fizeram turnês internacionais e no ano passado chegaram a tocar em um dos maiores festivais dos Estados Unidos, o Coachella. Em entrevista ao site UOU Benke Ferraz (guitarrista da banda) afirma que conciliar o sucesso nacional e internacional é um problema, "se você tem disciplina e boa música você consegue fazer um trabalho conciso de pequeno/médio porte a longo prazo, sem se preocupar necessariamente com um hype", disse ele. A banda, inclusive, participará da edição do festival bananada deste ano.


Nos anos 2012/2013 também foram marcados pelo surgimento das bandas Carne Doce e Cambriana, interpretando músicas indie rock, os dois grupos se sobressaíram e tocaram pelo Brasil todo. Logo de cara, em seu primeiro EP, Cambriana entrou para a trilha-sonora da novela Além do Horizonte, da Rede Globo. Porém este foi o único long-play do grupo, que lançou um EP em 2013 e penas um single em 2018. Já Carne Doce segue nos presenteando com albums fresquinhos. O ultimo lançamento do grupo foi no ano passado, o álbum Tonus conta com 10 faixas inéditas e também está disponível no spotify.


A cidade eclética


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Créditos: Instagram oficial da Banda Uó


Mas nem só de rock viverá o homem, Goiânia também é mãe de música pop. Banda Uó nasceu na capital goiana em 2010 e fez sucesso no Brasil inteiro, Caique Alves morou em Goiania durante grande parte de sua vida, mas foi lá em Curitiba, PR, que ele teve a oportunidade de ver a banda tocar ao vivo. Formada por Candy Mel, Davi Sabbag e Mateus Carrilho, a Banda Uó agita as baladas do Brasil com suas batidas dançantes e letras cômicas. Em 2012, o trio lançou o álbum Motel que contava com a participação do DJ americano Diplo, e em 2015, a musica Catraca, fez parte da trilha sonora da novela Global “I love paraisópolis”. Infelizmente a banda anunciou, no dia 2 de março de 2018, sua separação para que seus integrantes pudessem seguir carreira solo.


Se rock não te agrada e nem mesmo o pop, que tal um pouco de MPB? O grupo Passarinhos do cerrado, apesar de não ser tão conhecida nacionalmente, vem se mantendo no cenário musical há 13 anos. Com influências que misturam os ritmos nordestinos e as manifestações culturais regionais, a banda se inspira em melodias e arranjos oriundos do coco, da congada, da catira e outras influências sonoras e culturais das folias de Reis e do Divino, criando uma sonoridade incrivelmente peculiar a partir da composição de poesias.


Quando o assunto é rap, o gênero já não alcança tanta notoriedade. Em 2007 o grupo de rap CL a posse estourou com um cover da música "Family Affair", da Mary J Blige, intitulada de CL Aparecida, eles rimam sobre o cotidiano da periferia de Goiânia e carrega intensa crítica social. Entretanto, CL Aparecida foi o ultimo hit de sucesso do grupo. Outros representantes do rap em Goiás são o grupo Atentado Napalm e o cantor Renachong, que apesar de estarem há vários anos na industria da música, não alcançaram os ouvidos do Brasil como um todo.


Para quem curte música eletrônica, Goiás traz um nome de sucesso nacional e internacional, o DJ Alok, nascido e criado em Goiânia, emplacou o 13º lugar da lista de melhores DJs do mundo da revista "DJ Mag", especializada em música eletrônica. Alok também marca presença nas festas em Las Vegas, nos Estados Unidos, Sunamita Andrade, que atualmente reside nos EUA, conta que viu de pertinho o DJ tocar e que foi a partir desse dia que se apaixonou pela música eletrônica.


Bem, por ser um ritmo que emergiu primeiramente em Goiás, o sertanejo, evidentemente, possui uma indiscutível predominância entre os habitantes do estado, mas o gênero não é hegemônico. A música regional goiana se mostra cada vez mais rica e variada e prova que ainda tem muito a oferecer à cultura e aos ouvidos do Brasil afora.

 
 
 

5 Comments


vanessacastrord
May 30, 2019

Goiânia e suas variedades musicais, amo!

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vanessacastrord
May 30, 2019

Excelente texto!

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caiquesoueu
May 30, 2019

eu achava que a mary j bligue que tinha feito cover de CL a posse


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liivia-castro
May 30, 2019

👏👏👏👏👏

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anandareusf
May 30, 2019

Amei!! Já quero ir pra Goiânia

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